terça-feira, 8 de setembro de 2009

Tramitação em Roma demanda tempo


“O processo é demorado, criterioso e caro”, afirma o padre José Roserlândio, em referência ao processo que tramita no Vaticano, em defesa da reabilitação do Padre Cícero. Ele explica que serão lidos criteriosamente todos os documentos entregues na Congregação para a Doutrina da Fé. A leitura é a primeira fase dos trabalhos, conforme explica o sacerdote. Dependendo dos fundamentos jurídicos com relação à solicitação feita, a pesquisa terá continuidade com uma análise mais aprofundada, o que pode demandar investigações e viagens e, conseqüentemente, despesas que devem ser custeadas pela Diocese do Crato. A expectativa permanece por parte dos milhares de seguidores do padre que já se tornou santo, canonizado pelo povo.

O Padre Cícero Romão Batista nasceu no dia 24 de março de 1844, no Crato, e morreu, 90 anos depois, no dia 20 de julho de 1934. Em março de 1865, ingressou no Seminário de Fortaleza, para seguir a carreira eclesiástica, onde é ordenado em novembro de 1870. Em abril de 1872, com 28 anos de idade, vai residir em Juazeiro, onde foi vigário e prefeito.

Em 1889, durante uma comunhão, a hóstia consagrada por ele sangrou na boca de uma beata chamada Maria de Araújo. O povo considerou o fato um milagre. As toalhas utilizadas para limpar o sangue tornaram-se objetos de adoração. A notícia espalhou-se e Juazeiro começou a ser visitada por peregrinos, interessadas nos poderes do padre.

Cícero foi acusado por membros do Vaticano de mistificação (manipulação da crença popular) e heresia (desrespeito às normas canônicas). Em 1894, foi punido com a suspensão da ordem.

Por todo o restante da vida, ele tentou, em vão, revogar a pena. Em 1898, foi a Roma e encontrou-se com o papa Leão XIII, que lhe concedeu indulto parcial, mas manteve a proibição de celebrar missas. Apesar da proibição, Cícero jamais deixou de celebrar missas em sua igreja em Juazeiro. Após sua morte, sua fama e seus feitos foram divulgados entre as camadas populares. Embora ainda banido pela Igreja, tornou-se, de fato, um santo entre os sertanejos.

No final do século 20, o Papa Bento XVI, quando ainda era cardeal e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, propôs um estudo sobre o Padre Cícero com a finalidade de, possivelmente, reabilitá-lo perante a Igreja Católica e, eventualmente, beatificá-lo.

Como santo popular, Padre Cícero tornou-se um fenômeno na região Nordeste.

Quatro grandes romarias realizadas em Juazeiro do Norte ao longo de cada ano concentram número crescente de romeiros, especialmente nordestinos, mas também de outros Estados brasileiros.

ANTÔNIO VICELMO
Repórter

Fonte: Jornal Diário do Nordeste

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