terça-feira, 15 de setembro de 2009

Frei Damião



Vindo de uma família formada apenas por padres exorcistas - o que aumenta o mistério em torno de sua concepção -, Pio Giannotti, o Frei Damião, é um ícone da fé e cultura pop nordestina. E apesar de alcançado grande entre os anos 70 e 90, o frade capuchinho é hoje quase um desconhecido para as novas gerações, sendo inclusive confundido com Quasímodo, o corcunda de Notre-Dame, seu ancestral mais famoso.
Nascido em 1898, em Bozzano, cidade italiana conhecida por seus cremes de barbear e loções pós-barba, o pequeno Giannotti desde cedo mostrou seus dons divinos. Aos cinco anos realizou seu primeiro milagre, fazendo o rabo de sua lagartixa de estimação crescer novamente semanas após ele ter sido amputado numa brincadeira. O fato assombrou seus coleguinhas, exceto um deles: o cético Oscar González Quevedo, que mais tarde seria conhecido como Padre Quevedo.
Vinte anos após o milagre da regeneração de seu rabo (o da lagartixa), o bichinho de estimação morreu. Giannotti tentou ressucitá-lo, mas não conseguiu. O fracasso causou depressão e a perda da fé no divino. Cabisbaixo, o futuro frei das multidões abandonou seu sorriso e não deu mais um Pio sequer. E fugindo das lembranças que o assolavam em casa, topou o convite de seu colega Oscar Quevedo para viajar ao Brasil em busca de aventuras.
Como não tinham grana pra pagar a passagem para o outro lado do mundo, decidiram embarcar escondidos num navio que exportava padres para a América. Desceram no Nordeste, local onde os dois, se passando por padres, abriram um escritório de investigação de casos sobrenaturais.
Enciumado pela popularidade de Frei Damião, o nome adotado por Giannotti no Brasil, Quevedou decidiu acabar a parceria e partiu para as aparições em programas de auditório. E o frade, já venerado por milhares fiéis, seguiu para as peregrinações pelas cidades do interior, dando comunhão, confessando, realizando casamentos, batizados e quermesses.
Em algumas ocasiões chegou a enfrentar o Satanás, que teimava em possuir o corpo de inúmeros populares. Para exorcizar os demônios, atirava sete pedras no possuído e lhe enchia de porradas com seu cinto de corda. Dava certo, quase sempre.
Na metade dos anos 90, prenunciando uma perda de popularidade, Frei Damião decidiu aproveitar a onda de renovação carismática na igreja católica e gravou um disco, como o Padre Marcelo.
Optou pela axé music e lançou o álbum Tá pra lá de Galiléia, que além da faixa título vinha com as canções Melô do lazarento, Dança do crucificado, Suingue do profeta e Quero conhecer você biblicamente.
A carreira como cantou durou pouco. Após seu primeiro Carnaval fora de época (o Levanta-te e dança), Damião teve de se aposentar por problemas de coluna. Por conta das coreografias que exigiam quebrar o pescocinho pro lado, o frei ficou com uma lesão que o acompanhou até o fim de seus dias e agravou sua saúde já débil.
Frei Damião morreu em 31 de maio de 1997, no Recife, por conta de uma crise aguda de escoliose extremada.
Por seus feitos e currículo, escolhemos Frei Damião como o padroeiro deste movimento.

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