domingo, 6 de setembro de 2009

BEATA MARIA DE ARAÚJO




BEATA MARIA DE ARAÚJO
Da janela da casa nº 239 da antiga Rua do Arame, hoje Padre Cícero, uma senhora me atendeu com cara de espanto, quando perguntei se lá morou a beata Maria de Araújo. Também eu me assustei, pois parecia estar vendo a própria beata, tal a semelhança entre as duas, segundo descrição que colhera nos livros: magra, pele negra, cabelos crespos. Acordei dessa fugaz viagem e antes que a “sósia” me fechasse a janela na cara tratei de explicar-lhe que estava a escrever um romance sobre a protagonista do milagre de Juazeiro e queria saber se naquela casa haveria algo sobre ela: algum escrito, uma foto, uma placa... Dirimidas as dúvidas, ela colocou os cotovelos na janela e respondeu: “Nada! Não tem nada dela aqui não”.

Esta mulher tem, talvez, a mesma idade que teria a beata antes de falecer nesta mesma casa, em 1914. Em torno de 51 anos – de novo viajei. A moradora falou ser freira, que a casa é da diocese, e que mora com outras naquele local há poucos anos. “Mas irmã, em todas as casas onde Padre Cícero morou tem lá suas marcas, seus objetos pessoais, sua história.” Animou-se e disse que sentia muito, mas que realmente não havia nada mesmo na casa, que identificasse a beata. Acrescentou saber de toda a história.
Que admirava Maria de Araújo, mas a Igreja apagou todos os vestígios para que ninguém soubesse que ela um dia tivesse existido. Proibiram até que se falasse em seu nome. No entanto, estava havendo um movimento na igreja para reabilitá-la. Que eu podia ir à Capela do Socorro e ver que existe um lindo vitral em sua homenagem, na parte de cima, junto com Padre Cícero e alguns santos. Que na entrada do cemitério acoplado à capela, há uma placa fazendo menção à morte da beata. E só, pois seu corpo desapareceu desde 1930.

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