segunda-feira, 28 de setembro de 2009

SER PESSOA: PROCESSO DE DEVOLUÇÃO

'O desafio de ser pessoa'. O termo 'pessoa' sempre foi muito usado, principalmente pelos gregos. 'Pessoa', no contexto grego, significa a máscara que o ator usava para interpretar no teatro.

Eu tenho que ser eu. Uma pessoa só pode ser pessoa, se ela é dona de si. Nós temos que tomar posse do que somos. Quantas coisas você possui e ainda não tomou posse? O amor é a capacidade de descobrir no outro o que ele ainda não viu que tem. É como se você tivesse uma grande propriedade e não tivesse a capacidade de andar por ela para demarcá-la, e não a conhece na totalidade. Mas aos poucos vai sendo dono daquilo que já é seu.

Ser pessoa é ser dono de você mesmo, e saber lidar com seu jeito de ser, de amar, de sentir, de pensar, de ter suas limitações e saber o que você pode. Quantas vezes você se dispôs a ser o que não era, dizendo 'sim' onde era para dizer 'não'? Você não teve consciência do que não podia. É o que Jesus sempre fez com as pessoas. Fazendo-as tomarem posse do próprio território, de si mesmas. 'Eu sou dono de mim, e não abro mão'.

Quem é o 'prefeito' de sua 'cidade'? Tenha coragem de dizer aos inimigos: 'Aqui nesta cidade tem prefeito (eu), e aqui não tem lugar para os bandidos. Eu não abro mão do meu território'. E é aqui que Deus trabalha em nós para celebrar a Eucaristia, é para Deus que nos entregamos de novo. Eu sou pessoa, e me recebo de Deus o tempo todo. E Ele diz: "Cuide do que você é. Você não tem o direito de deixar as pessoas lhe roubar". E tem pessoas que te 'devolvem'. A experiência com Deus sempre diz: "Eu lhe devolvo".

Não tenha preguiça de conhecer seu 'território' e saber quem você é realmente. O total desconhecimento de si, não pode acontecer. A pessoa que não é 'pessoa', não tem assunto e sabe tudo o que acontece na vida do outro, mas não sabe de si mesma.

As pessoas que vivem preocupadas com as novelas da vida, se desgastam com pessoas que nem conhecem. Não é fácil compreender o território humano. Se investigar e conhecer o 'porquê' de algumas reações, o 'porquê' aquela raiva foi tão grande naquela hora, o 'porquê' eu explodi com aquela pessoa... É descobrir o 'porque' do afeto que tenho dentro de mim. Você deixa de ser explosiva demais quando toma posse do que é. Tudo isso porque você está em processo de construção. Deveríamos estar com placas dizendo: 'Estamos em obra, cuidado!' É o seu processo de 'feitura' de ser pessoa.

'Não tenha preguiça de conhecer seu ‘território’ e saber quem você é realmente'

Enquanto você viver haverá partes deste 'território' para conhecer. Tantas coisas nos foram entregues, mas se elas não vêm à tona, e nem as investigarmos, tudo o que temos dentro de nós fica sem uso. Quanta coisa preciosa você tem dentro de você e não sabe por quê fica só na superficialidade do conhecimento de si? Quando é que você sabe que uma pessoa se ama? Você só sabe que ela se ama quando ela se cuida, quando tem disciplina.

Que você não morra com seus valores ‘engavetados’, pois Deus lhe dá talentos para que você os use, e não para deixar guardado.

'Eu sou um dom de Deus'. Todos os dias há alguma coisa para você ir atrás e descobrir. Você se recebe de Deus, Ele que me deu esta obra todos os dias. Temos que ser bom naquilo que a gente faz para nos colocarmos à serviço dos que necessitam. Uma pessoa só é pessoa quando se disponibiliza aos outros. Aquilo que recebo de Deus coloco à disposição dos outros. E nisso temos a integração de uma personalidade saudável.

Ser pessoa não é só contemplar o que sou e tenho de melhor, mas ser pessoa é descobrir e cultivar o que tenho de melhor para que outros sejam beneficiados. Como Jesus fazia o tempo todo em sua capacidade de se doar e ensinar, é preciso se doar também. É necessário tomar cuidado para outra pessoa não tomar posse do que você é, pois a partir daí você não terá mais domínio sobre o que é seu. Se não sou capaz de tomar conta de mim, perco meus talentos e não me possuo mais. Quantas vezes você foi machucado nesta vida e pessoas lhe roubaram? Quando não me possuo, tenho dificuldade de ser para o outro, e corro o risco de não ser o que devo ser.

Estabeleça o seu limite. Seja firme! Padre Fábio de Melo

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A principal atração do Santuário é a estátua do Frei Damião do queFicheiro:MemorialFreiDamiao2.jpg tem cerca de 34 metros de altura e pode ser vista de qualquer ponto da cidade. Do alto da Serra da Jurema, é possível ver toda a cidade, e algumas cidades próximas situadas num raio de 50 quilômetros. O monumento possui ainda um museu,que foi montado com a consultoria da Fundação Joaquim Nabuco, casa de ex-votos, praça de celebração, capela e Via Sacra. O museu do Santuário de Frei Damião além de objetos pessoais, fotografias e artigos religiosos dispõe ainda de várias estátuas em tamanho natural, as quais reproduzem aspectos da vida do Santo das Missões. Por decreto da lavra do Administrador Apostólico da Diocese de Guarabira, Dom Jaime Vieira Rocha, o Memorial de Frei Damião, no final de 2007, foi elevado à categoria de Santuário Diocesano. Com a medida lá podem ser realizados casamentos e batizados.

Acesso

Os dois acessos ao Santuário são pavimentados e iluminados. Do alto, pode-se ver toda a cidade de Guarabira. Ao longo do percurso, é possível ver todas as estações da Via Crucis, fruto do trabalho de artesões locais, além do Cruzeiro, que foi erguido bem antes do Memorial, na década de 60.

O santuário

O santuário fica situado em Guarabira, no Piemonte da Borborema, a 98 quilômetros da capital do estado, João Pessoa, no estado da Paraíba, na Serra da Jurema (Nome denominado ao pico onde se Ficheiro:MemorialFreiDamiaoLeft.jpg encontra o Memorial).

O Santuário de Frei Damião


MemorialFreiDamiao2.jpg

O Santuário de Frei Damião, situado em Guarabira (Paraíba), é um projeto arquitetônico composto de um museu e uma estátua, em homenagem ao frade capuchinho Frei Damião de Bozzano, , um missionário do Nordeste brasileiro. Atualmente é considerada a segunda maior estátua do Brasil

A inauguração, em dezembro de 2004, contou com a presença de mais de 50 mil fiéis [2]. Foram realizadas parcerias entre a Diocese de Guarabira, a prefeitura de Guarabira e o governo do estado da Paraíba em sua edificação.

O santuário foi projetado pelo Arquiteto Alexandre Azedo. A construção da obra foi iniciada em 27 de março de 2000. O santuário foi arquitetado pela Diocese de Guarabira e também foram muito importantes para a sua construção, a então prefeita de Guarabira (2000) Léa Toscano, e seu esposo o deputado estadual Zenóbio Toscano.

O local foi transformado em santuário através de um decreto emitido pelo então Administrador Apostólico Dom Jaime Vieira em 2007, tendo como primeiro reitor o padre Gaspar Rafael Nunes.

Frei Damião


Frei Damião ocupou-se em disseminar “as santas missões” pelo interior do Nordeste. “As santas missões” eram um tipo de cruzadas missionárias, de alguns dias de duração, pelas cidades nordestinas. Nessas ocasiões, era armado um palanque ao ar-livre com vários alto-falantes onde o frade transmitia os seus sermões. Quando perguntado sobre os objetivos de suas “santas missões” aos sertanejos, o frei respondia que um dos objetivos era “livrá-los do Demônio, que queria afastá-los da Igreja e fazê-los abraçar outro credo [...]”.

Conseguia arrastar multidões para ouvir suas palestras e tornou-se um fenômeno de popularidade religiosa no Nordeste, só comparável ao “Padim Ciço”, de Juazeiro do Norte. A propósito, Frei Damião é aclamado pelos católicos locais como o legítimo sucessor do Padre Cicero Romão Bastita.

Acompanhado por multidões por onde passava, nunca abandonou suas caminhadas e romarias pelas localidades, no qual acompanhava com ele sempre, um terço e um crucifixo, as quais fazia com seu devotado amigo Frei Fernando. Só parou poucos meses antes de falecer, devido ao agravamento de seu problema na coluna vertebral, fruto da má postura de toda a vida.

Frei Damião de Bozzano faleceu no Hospital Português no Recife, e seu corpo está enterrado na capela de Nossa Senhora das Graças, de quem era devoto, no Convento São Félix , no bairro do Pina no Recife. Sua vida é retratada no livro do escritor Luíz Cristóvão dos Santos Frei Damião - O Missionário dos Sertões.

Na ocasião de sua morte, em 31 de maio de 1997, o governo de Pernabuco e a prefeitura de Recife decretaram luto oficial de três dias.

Em 2004, foi inaugurado o Memorial Frei Damião em sua homenagem, na cidade de Guarabira, Paraiba, uma das várias cidades em que o frade capuchinho percorreu em suas missões. Neste memorial foi erguida uma estátua, que atualmente é considerada a segunda maior do Brasil.

domingo, 20 de setembro de 2009



"Quem amar a Jesus Cristo,
com fé no seu coração,
ouça esta profecia.
Quem manda é Frei Damião.
De um manuscrito que achou
na noite que ele sonhou
com o padre Cícero Romão.

Frei Damião outro dia
estava no Juazeiro.
Rezou e dormiu um sono,
com fé em Deus verdadeiro.
Sonhou uma elevação
com o padre Cícero Romão
em pé, defronte o cruzeiro.

O padre Cícero apertava
a mão de Frei Damião.
E chorando ele falava
da maldita corrupção,
que hoje em dia está forte.
No Brasil de Sul a Norte,
do brejo até o sertão.




"O nome do padre Cícero
ninguém jamais manchará,
porque a fé dos romeiros
viva permanecerá
pois nos corações dos seus
foi ele um santo de Deus
é e pra sempre será.

E portanto o padre Cícero
sempre foi santificado
pelos seus fiéis romeiros
de quem é bastante amado.
Finalmente é uma asneira
a igreja brasileira
fazê-lo canonizado.

Creio se o padre Cícero
vivo estivesse com nós
seria ele o primeiro
a opor-se em alta voz.
De forma alguma queria,
por completo repelia,
essa farsa de algoz.

Todos seus fiéis romeiros,
que com fé o amam tanto,
num quadro tem ele em casa
no mais destacado canto,
pra quem chegar ali veja
que só falta à Santa Igreja
declará-lo como santo."


HORA DE REZAR PRA PADIM CIÇO E FREI DAMIÃO





Uma pequena amostra da presença nos livretos magrelos de dois grandes missionários do sertão: o italiano (de Bozzano) Pio Gianotti, que no Brasil se tornou conhecido como Frei Damião (1898-1997), e o padre Cícero Romão Batista - do Crato, no Ceará -, o venerado Padim Ciço (1844-1934). Os dois são personagens de muitos folhetos. O Padim, principalmente. Em seu livro A Ideologia do Cordel (Imago Editora, 1976), Ivan Cavalcanti Proença mostra que o cearense ganhou mais espaço na literatura de cordel do que os tiroteios de Virgulino Ferreira, o rei do cangaço.

Então, comecemos com o Padim. Um dia, quando chegou ao Nordeste a notícia de que pretendiam canonizá-lo, houve protestos. Canonizar, não! Por que canonizar quem já morreu santo? O folheto A Opinião dos Romeiros sobre a Canonização de Padre Cícero pela Igreja Brasileira, de Expedito Sebastião da Silva, ele também do Ceará, registra o protesto. Vejamos.


FREI DAMIÃO

Meus Irmãos, só vou lembrar
Meine Geschwister, nur werde erinnern
Mas que tudo já foi dito
Aber das alles schon war gesagt
Para ninguém se esquecer
Damit niemand sich vergißt
Das Palavras, que foi dita
Die Worte, die waren gesprochen
Se arrependam, se arrependam
Sich bereuen, sich bereuen
Se arrependam, pecadores
Sich bereuen, Sünder
Que ainda não é o Fim
Das noch nicht ist das Ende
É o Começo das dores
Ist der Anfang der Schmerzen
Meus Irmãos, estou aqui
Meine Geschwister, bin hier
Eu estou prestando Atenção
Ich bin schenken Aufmerksamkeit
Vendo tudo acontecer
Sehe alles geschehen
O que disseo Frei Damião
Was gesagt Ordensschwester Damião
As Palavras, que foi dita
Die Worte, die waren gesprochen
Eu agora vou dizer
Ich jetzt werde sprechen
Meus Irmãos prestem Atenção
Meine Geschwister schenken Aufmerksamkeit
Para nunca se esquecer
Damit niemals sich vergessen
Jesus Cristo e São João
Jesus Christus und Heiliger Johannes
Eles foram assassinados
Sie wurden ermordet
Meus Irmãos, chegouo Tempo
Meine Geschwister, gekommen die Zeit
Da Lembrança do passado
Der Erinnerung des geschehenen
Meus Irmãos não esmoreçam
Meine Geschwister nicht ermatten
Não encarem sofrimento
Nicht ins Auge fassen Leid
Mais sofreuJesus na Cruz
Mehr litt Jesus am Kreuz
O meu Santíssimo Sacramento
O mein Geheiligtes Sakrament
A meu Pai peçoFirmeza
Von meinem Vater erbitte Festigkeit
E Amor no meu Coração
Und Liebe in meinem Herzen
Para eu vencer esta Batalha
Damit ich siege in dieser Schlacht
Junto com meu São João.
Zusammen mit mienem Heiligen Johannes

“Os milagres só chegam para os que têm fé. Não há milagre para quem não acredita em Deus.”

“A idade pintou-me os cabelos e vergou-me a cabeça; mas não conseguiu quebrantar-me o ânimo de lutar em prol do Reino de Deus na minha terra e no meio da minha gente.”

“Confessai vossos pecados! Se não tiverdes os pecados graves, confessai os leves.”

“Por favor, não queiram me adorar... Adorar, só a Deus!”

As palavras de Frei Damião


“Milagres, quem faz é só Deus. Eu não passo de um simples mensageiro do Senhor.”

As palavras de Frei Damião


“Aqui, ali e acolá passei a maior parte de minha vida de andarilho do evangelho e de seguidor de São Francisco de Assis.”

As palavras de Frei Damião


“Não tenho nada de extraordinário! Sou sacerdote, vivo para Cristo e amo profundamente Nossa Senhora.”

O Frei Damião nunca foi um vigário de paróquia, daí que sempre esteve isento do peso administrativo de uma Paróquia. Nunca fez uma pastoral como se faz hoje. Era um frade caminhante, nômade, andante. O capuchinho tinha um modelo de missão pronta e quando havia uma mudança no roteiro da missão, ele ficava meio perdido. O seu esquema de pregação missionária era preparado e, inclusive, ele decorava os sermões. O missionário deixou sua marca pelo seu contato permanente com o povo. Desta forma o povo era tocado por uma influência de pregação e confissão particular. Talvez por isso a cultura nordestina seja marcada por uma capacidade de ouvir e de absorver os conselhos para a sua vivência. A experiência missionária de Frei Damião no Nordeste foi intensa e percorreu as estradas a pé, a cavalo ou mesmo de carro.

As tradicionais missões eram realizadas num período de oito dias, quinze dias a um mês, embora, havia missões de dois a três dias, dependendo da necessidade da comunidade local. Era uma pessoa extremamente carinhosa e fazia parte de uma “dinastia de missionários capuchinhos” que marcou, intensamente, a região do Nordeste, desde 1612, com a chegada dos pioneiros, descendentes da França: Frei Claude d' Abbeville e Frei Ivo d' Evreux. Fica evidenciado na história que os capuchinhos tiveram grande influência sobre a religiosidade do povo do Nordeste brasileiro porque foram os grandes arautos de uma forma de missões ambulantes que teve ressonância desde os séculos XVII, XVIII, XIX e XX.

De toda missão que Frei Damião participava atraía muita gente de todos os recantos. A missão tinha um aspecto de festa na cidade, momento em que se vestia uma roupa nova e se arranjava um amigo ou mesmo um namorado. O pequeno comércio era revitalizado. Os vendedores de comida e de relíquias de santos lucravam com as missões. Comumente, o frade passava o dia todo atendendo confissões. Às vezes eram os homens, ora eram as mulheres.

, porém, dando sempre prioridade aos mais velhos e aos que chegavam primeiro.

Frei Damião como um exímio frade menor da ordem dos capuchinhos trouxe da Itália para o Brasil, especificamente para a cultura nordestina, um método de fazer missão, baseado na teologia e na pastoral do concílio de Trento, que fez um enorme sucesso na cultura sertaneja, devido ao seu enfoque sobre os pecados da carne.

O ponto alto das missões era a conversão dos fiéis à vida sacramental: casamentos religiosos, atendimento de confissões e distribuições de comunhões constituíam a ação pastoral do missionário nos meios populares. O sucesso das missões se media pelo número de confissões e comunhões, bem como pelos casamentos regularizados. Havia conversões ao catolicismo, através das pregações. Os sermões sensibilizavam o povo. Cabendo, também, uma ênfase apologética, mediante a condenação das ações dos espíritas e dos protestantes.

As missões populares pregadas pelo Frei Damião eram consideradas como um dos momentos fortes da ação pastoral. Os objetivos eram o afervoramento religioso, ocasião de conversão e regularização de vida, reconciliação de ódios, afastamento dos abusos e superstições e volta aos Dez Sacramentos. A grande temática das missões era os sermões, que duravam mais ou menos, quarenta minutos, dependendo da ocasião. O frade acordava às quatro horas da manhã. Usava uma campainha na mão, cantava e convidava o povo para a Igreja. O ato inicial das missões era sempre repetido com as tradicionais procissões da penitência pelas ruas do lugar.

Certamente que Frei Damião foi um desses gigantes missionários, capuchinho cuja memória continua presente na cultura sertaneja do povo nordestino, profundamente marcado pelo sofrimento. Desde que aportou ao Brasil nos idos de 1931, em Pernambuco, Frei Damião trabalhou como missionário incansavelmente pela conversão e pela salvação das pessoas. A ação missionária do frade é marcada, em especial, pelo dom da escuta e pela dedicação total ao povo, bem como pelos seus bons conselhos dados aos peregrinos que ouviam, na maioria das vezes, sem compreender nenhuma palavra dita pelo missionário, talvez seja por isso que todos os escutavam piedosamente.


Milagres -- Na década de 60, a Igreja mudou de orientação, mas Frei Damião não quis saber dos ensinamentos do Concílio Vaticano II, que pretendia que os padres adotassem um comportamento mais contemporâneo e permeável aos problemas sociais. Foi então proibido de fazer pregação em várias dioceses do Nordeste. Quando não estava falando, Frei Damião passava até doze horas ouvindo pecados. "Todos devem confessar seus pecados, grandes ou pequenos. Quem não tiver pecado novo repete os já confessados", exortava. Mais do que por falar duro e ouvir com paciência, Frei Damião movimentou multidões em vida e na morte em função dos inúmeros milagres que se atribuem a ele. O Instituto de Teologia do Recife catalogou mais de oitenta.

Conta-se que, em 1936, em Araripe, no Ceará, Damião teria recebido uma senhora de nome Elvira. Ela foi pedir conselho a respeito do marido, que vivia com outra mulher. O frade mandou chamar o marido e pediu-lhe que deixasse aquela vida. "Não deixo", respondeu o adúltero. E o frade questionou: "Deixa não?" Com quinze dias, o homem, que era forte e sadio, teria morrido. Outro milagre. No interior de Pernambuco, o frade convidou um fazendeiro a se confessar. O homem não aceitou, dizendo que poderia confessar-se noutra hora. No dia em que Damião estava arrumando a sua bagagem para viajar, um portador foi chamá-lo porque o fazendeiro estava morrendo. O frade mandou que o vigário da paróquia atendesse ao chamado. Quando o padre chegou, o fazendeiro estava morto.

Os milagres atribuídos a Frei Damião podem ser classificados em três categorias. Havia os milagres de salvação, como a cura, a conversão e o sucesso repentino. Outra categoria era formada pelos milagres de domínio da natureza, pois, garante-se, Frei Damião fez chover mais de uma vez. Os milagres mais impressionantes eram os do castigo, pois ele decretaria a morte súbita, como no caso do marido infiel, ou transformaria pessoas em animais. Em Juazeiro do Norte, no Ceará, pai e filha conviviam feito casal. Frei Damião chamou-os a sua presença: "Separe-se desta filha ou os dois estão condenados ao inferno". O homem recusou. "Separe-se dela ou faço você berrar como um bode e ela como uma cabra", advertiu Damião. O homem insistiu na recusa. Eis que passaram a berrar como bode e cabra.

A vida austera que levava suscitava ainda mais o imaginário popular. Muitos acreditam que ele não comia nem dormia. Através da literatura de cordel, os poetas populares trataram de divulgar seus feitos. Damião tornou-se um mito. Não surpreende que os políticos vissem nele a capacidade de realizar outro milagre: garantir eleições. Muitos tiraram fotos ao seu lado, como o vice-presidente Marco Maciel ou o prefeito do Recife, Roberto Magalhães. O missionário nunca pediu votos. Em 1989, Damião subiu ao palanque do candidato Fernando Collor. Na semana passada, Collor deixou o auto-exílio em Miami para aparecer ao lado do padre. Collor pediu para abrir o caixão e beijou a testa do velhinho. Depois, secou as lágrimas com um lenço.

Dom José Cardoso Sobrinho, entusiasmado com a comoção popular, prometeu acelerar em Roma o processo de beatificação do frade. Ele não tem esse poder, mas os fiéis gostaram de ouvir. Os capuchinhos já estão preparando os documentos para enviar a Roma. O processo passará pelo árduo caminho da burocracia vaticana e não há garantia nem tempo previsto para a canonização. Para os nordestinos, entretanto, isso vale muito pouco. No sertão, Frei Damião não precisa receber a aprovação da Igreja Católica. Ele já é santo e faz milagres. Seu túmulo, no convento de São Félix no Recife começou a ser visitado por romeiros.


A Igreja que moldou a crença


A Igreja que moldou a crença de Frei Damião foi construída com base no Concílio de Trento, de 1563, inspirado na doutrina medieval, que era implacável. "O matrimônio só é quebrado por morte: quem deixar o casamento para se casar com outro no civil estará no inferno de cabeça para baixo", ensinava ele, combatendo qualquer desquite, divórcio, todas as formas de dissolução do sacramento. Outra de suas frases prediletas: "A dança é um elemento de perdição. Quando um homem e uma mulher se juntam para dançar, não pode sair nada de bom. Sobrevêm os maus pensamentos, os desejos pecaminosos, o pecado". Se o público fosse jovem, dizia: "Um beijo dado no rosto da namorada é como um beijo dado numa parenta, não tem nada de mais, estão ouvindo? Agora, um beijo na boca, um beijo de língua, isso é pecado". As vestes femininas eram um problema. Ele não gostava de minissaia ("Não presta. É causa de pecados. Muitos homens já perderam a cabeça por causa desse exagero das mulheres.") nem de calças compridas. As mulheres que as usassem também arderiam no inferno.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

FREI DAMIÃO

FREI DAMIÃO

O mundo sempre precisou de pessoas que se dedicassem ao ensinamento das Leis Divinais, indicando como a pessoa deveria se comportar diante das dificuldades do planeta e procurar descobrir, por si só, a sua maneira de vida que estivesse nos princípios da Lei do amor e da paz. Assim surgiram os líderes religiosos mais conhecidos no mundo, tais como Moisés, Jesus o Cristo, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Padre Cícero, Frei Damião, bem como muitos e muitos outros anônimos que participaram da divulgação das Leis de Deus por todo o planeta terra. Neste artigo vai-se falar de Frei Damião, suas origens, seu trabalho, suas pretensas curas, seus seguidores, sua morte e o que o espiritismo revela acerca deste assunto para muitos, tão polêmico, mas a espiritualidade trata com tanta sabedoria e dedicação.

Frei Damião foi um jovem Italiano comum que estudou, trabalhou, serviu na guerra e resolveu ingressar na Ordem Franciscana dos capuchinhos, para desempenhar um trabalho que já trazia impregnado em sua mente, isto é, servir à causa dos humildes, do povo simples de um mundo que clamava por exemplos. Desta forma, Frei Damião inconscientemente sabia de sua tarefa no mundo, deixando sua vida levar-se pela sensibilidade de ajudar a todos que se encontrassem desviados do caminho da verdade e da vida, tentando ajustá-los aos reais princípios que ele achava divinos. O inconsciente que se fala é porque as pessoas que se encarnam neste planeta, não têm acesso fácil as suas vidas passadas. Aos poucos é que vão aparecendo os vislumbres de sua real consciência que é o recobro de sua real situação, e a busca ao caminhar correto ao encontro da verdade e da vida.

O espiritismo esclarece a trajetória de Frei Damião na terra, como um trabalho que ele veio desenvolver com muita sabedoria e desprendimento, tendo em vista que ele foi refrigério para muitos que viam nele, a imagem de um enviado de Deus para lenir corações que necessitavam de exemplos para compreender a vida. Quem ouviu suas palavras deve ter se empolgado, ao ver uma transfiguração da meiguice da sensibilidade divina quando pregou a todos: humildade, paciência, resignação frente a todas dificuldades que o mundo oferece dentro do nível espiritual que se encontra cada ser humano. Os nordestinos, esquecidos nas brenhas da caatinga, ou nas matas ferozes de uma escuridão infernal pela falta de energia elétrica, contavam com a presença do frade com a sua voz altiva, passando para todos os ensinamentos atribuídos a Jesus o Cristo na sua forma mais tradicional possível.

Por falar em tradicionalismo, conta a Bíblia que Jesus foi uma pessoa tradicionalista, quando não pregou desobediência às Leis dos não profetas e nem à Lei que havia sido ditada por Moisés, porque sabia que as Leis divinas transcendem a tudo isto que está aí e é algo não percebido por todos de maneira tão fácil. Jesus quis a transformação de todos dentro das condições de cada um, pois ninguém passa do nível primário para o secundário como num passo de mágica, mas adquirindo conhecimentos (experiências) que fazem entender todo esse processo, com as mudanças que todos têm que passar. O mesmo trabalho desempenhou fez Frei Damião é claro, guardando as devidas proporções, resguardando as condições espirituais do Messias e o nível evolutivo em que se encontrava o professor das multidões nordestinas em busca do aprendizado espiritual que todos têm que entender.

O Frei Capuchinho foi de uma época muito difícil para os nordestinos, com as distâncias entre as cidades, a falta de luz em todos os lugares, a precariedade dos meios de transportes, a falta d’água nos sertões secos de Euclides da cunha, de José Lins do Rego, de José Américo de Almeida e muitos outros baluartes da região. Frei Damião já era o andarilho das estradas afora a levar a mensagem do evangelho com muito radicalismo, muita fidelidade aos ensinamentos bíblicos, que hoje se encontram questionados por todos aqueles que acreditam no transcendentalismo da vida. Tudo isto porque o viver é uma descoberta e todos têm que iniciar este processo de auto conhecimento, sentindo nas palavras atribuídas a Jesus em todo o seu processo, especialmente o enxergar-se a si mesmo, pelas suas próprias condições de compreensão da Lei do amor e busca da felicidade.

O frade irmão defendia os princípios religiosos da maneira mais ortodoxa possível, cuja obediência cristã iniciava-se com a fidelidade entre marido e mulher até a morte, mesmo que ela tivesse que passar pelas maiores atrocidades que o cônjuge praticasse pela sua força e inconseqüência de seu poder. Os Dez Mandamentos tinham que ser obedecidos ao pé da letra, isto significa dizer, aquele que matar será condenado ao fogo do inferno com nenhuma apelação, fato que a espiritualidade refuta com muita sapiência, porque um Pai bom e amoroso não condena seus filhos de tal forma. Uma outra questão é que a mulher correta e séria tinha que ser virgem ou casada; de outra forma, ela não teria o apoio de Deus nos seus afazeres, como no caso de uma mãe solteira, podendo até ser apedrejada, como eram os costumes da época do Grande Mestre dos católicos, conhecido como Jesus.

Sem dúvida, o grande pregador dos sertões nordestinos deu a sua contribuição, como frade capuchinho por formação de um momento como encarnado, todavia, contribuiu também, para que muitos irmãos pudessem sentir a presença de Deus em cada instante de sua existência, com repressão ou não, inegavelmente importante para os ignorantes do bem. Não se deve querer que Frei Damião seja espírita, contudo, faz-se necessário compreender que, o seu espírito já tinha, quando materializado, uma certa evolução espiritual, pela sua mensagem, pela linguagem e pela maneira como queria que todos se salvassem. A sua formação não deu condições de que ele entendesse o espiritismo e não era o seu objetivo nessa forma de pensar, pois espiritismo é maneira de vida, e nunca imposição para que se possam seguir determinados preceitos que alguém encarnado ou não, pense ser o verdadeiro.

O espiritismo tem como importantes todos os diversos segmentos religiosos, tendo em vista que as pessoas, tais como os espíritos têm conhecimentos diversos e hierarquizados, pois quem é católico está no seu nível evolutivo, da mesma forma que os evangélicos ou qualquer um outro grupo religioso que busque conscientizar a humanidade. Frei Damião não foi espirita, todavia utilizou o espiritismo para levar a todos conhecimentos da verdade e da vida, ao indicar os ensinamentos que dizem de Jesus como prática de auto conscientização, e de doação de amor para todos que almejam a vida eterna. O grande missionário italiano do Nordeste brasileiro levou a muita gente lenitivo, espargiu energias que se transformaram em cura para muitos, que acreditavam nos seus poderes que não eram individualizados, mas eram conhecimentos das Leis cósmicas universais mesmo inconsciente.

A inconsciência que se coloca, é porque talvez ele não tivesse condições de entender os ensinamentos espirituais como muitos irmãos que mesmo espíritas, também ainda não entendem, cuja missão de ser espírita é muito difícil, pela postura e atividade aqui no planeta, tal como os exemplos atribuídos a Jesus o Cristo. Os espíritas não reivindicam para si a verdade da pureza transcendental, isto é, a verdade absoluta, ao se constatar que existem muitos irmãos católicos e protestantes e até mesmo que se dizem ateus, com um alto teor de espiritualidade conseqüente, decorrente das múltiplas encarnações que passaram. Ninguém deve negar que Frei Damião foi um desses que tiveram a sua missão justamente no meio de pequeninos irmãos, cuja compreensão para eles, só aparecia como forma de castigo, de temor, ou de algo que criasse obediência pela imposição ditatorial, era o nível de cada um.

O grande missionário chorava quando em seus trabalhos aconteciam mortes, ou qualquer desrespeito social que fizesse com que ele repugnasse aquele ato que não condizia com os ensinamentos do Rabi da Galiléia, como dizem populares, condenando aquela cidade a nunca mais voltar a ela. Também se criou o mito de que ele dormia no chão, ao considerar que as serventes dos conventos ou onde ele se hospedava, arrumavam o seu quarto e quando ele se ausentava de seu aposento, o ambiente estava do jeito que elas organizaram, como se alguém não tivesse mexido. Todo mundo sabe que a formação cristã dos mosteiros ensinava que era obrigação de todo aquele que usasse determinado objeto, tinha o dever de lavá-lo, ou deixá-lo do mesmo jeito como o encontrou, talvez fosse esse o motivo das arrumadeiras das Igrejas encontrarem do jeito que elas deixaram os objetos por ele usados.

Em resumo, não se pode ter Frei Damião como um santo, isto é, aquele que se encontra na pureza da espiritualidade, mas como um irmão que cumpriu sua missão com simplicidade, dedicação e amor, mesmo que não tivesse se libertado de algumas máculas negativas que ainda trazia consigo. Esse abnegado Mestre dos simples, e humildes homens do interior nordestino merece o respeito de todos, que presenciaram mais um pregador das palavras de Deus, de elevação, de auto consciência e de dedicação ao próximo com desprendimento e vontade de ajudar na vida. Portanto, o mundo espiritual acaba de ganhar mais um espírito que já desencarnou com o propósito de continuar a mensagem cristã na busca do “conhece-te a ti mesmo”, tão necessário, para que se possam conhecer os demais que precisam de ensinamentos e exemplos de prática do

Frei Damião

Frei Damião ocupou-se em disseminar “as santas missões” pelo interior do Nordeste. “As santas missões” eram um tipo de cruzadas missionárias, de alguns dias de duração, pelas cidades nordestinas. Nessas ocasiões, era armado um palanque ao ar-livre com vários alto-falantes onde o frade transmitia o seu discurso conservador e contra os protestantes.

Frei Damião conseguia arrastar multidões para ouvir suas palestras e tornou-se um fenômeno de popularidade religiosa no Nordeste, só comparável ao “Padim Ciço”, de Juazeiro do Norte. A propósito, Frei Damião é aclamado pelos católicos locais como o legítimo sucessor do Padre Cícero Romão Batista (para saber mais sobre o Padre Cícero, leia o artigo Uma Viagem ao Caldeirão da Idolatria”).

Estatueta do Padre Cícero em frente a uma foto do Frei Damião. Uma dupla insuperável para os católicos nordestinos.
monumento

Quando perguntado sobre os objetivos de suas “santas missões” aos sertanejos, o frei respondia que um dos objetivos era “livrá-los do Demônio, que queria afastá-los da Igreja e fazê-los abraçar outro credo [...]”.(1) O que o frade queria dizer por “Demônio”? Provavelmente, os protestantes.

Na ocasião de sua morte, em 31 de maio de 1997, o governo de Pernambuco e a prefeitura de Recife decretaram luto oficial de três dias. Seu corpo foi embalsamado, velado durante três dias na Basílica da Penha e no estádio de futebol do Arruda, em Recife. Várias autoridades compareceram ao seu velório, entre as quais o ex-presidente Fernando Collor de Mello, o vice-presidente Marco Maciel e o governador Miguel Arraes.(2)

Em 31 de maio de 2003, seis anos após sua morte, foi aberto o processo de beatificação e, posteriormente, de canonização de Frei Damião. Esse frade é apenas mais um, entre outros líderes religiosos católicos que viveram no Brasil, a ser candidato a santo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Frei Damião



Vindo de uma família formada apenas por padres exorcistas - o que aumenta o mistério em torno de sua concepção -, Pio Giannotti, o Frei Damião, é um ícone da fé e cultura pop nordestina. E apesar de alcançado grande entre os anos 70 e 90, o frade capuchinho é hoje quase um desconhecido para as novas gerações, sendo inclusive confundido com Quasímodo, o corcunda de Notre-Dame, seu ancestral mais famoso.
Nascido em 1898, em Bozzano, cidade italiana conhecida por seus cremes de barbear e loções pós-barba, o pequeno Giannotti desde cedo mostrou seus dons divinos. Aos cinco anos realizou seu primeiro milagre, fazendo o rabo de sua lagartixa de estimação crescer novamente semanas após ele ter sido amputado numa brincadeira. O fato assombrou seus coleguinhas, exceto um deles: o cético Oscar González Quevedo, que mais tarde seria conhecido como Padre Quevedo.
Vinte anos após o milagre da regeneração de seu rabo (o da lagartixa), o bichinho de estimação morreu. Giannotti tentou ressucitá-lo, mas não conseguiu. O fracasso causou depressão e a perda da fé no divino. Cabisbaixo, o futuro frei das multidões abandonou seu sorriso e não deu mais um Pio sequer. E fugindo das lembranças que o assolavam em casa, topou o convite de seu colega Oscar Quevedo para viajar ao Brasil em busca de aventuras.
Como não tinham grana pra pagar a passagem para o outro lado do mundo, decidiram embarcar escondidos num navio que exportava padres para a América. Desceram no Nordeste, local onde os dois, se passando por padres, abriram um escritório de investigação de casos sobrenaturais.
Enciumado pela popularidade de Frei Damião, o nome adotado por Giannotti no Brasil, Quevedou decidiu acabar a parceria e partiu para as aparições em programas de auditório. E o frade, já venerado por milhares fiéis, seguiu para as peregrinações pelas cidades do interior, dando comunhão, confessando, realizando casamentos, batizados e quermesses.
Em algumas ocasiões chegou a enfrentar o Satanás, que teimava em possuir o corpo de inúmeros populares. Para exorcizar os demônios, atirava sete pedras no possuído e lhe enchia de porradas com seu cinto de corda. Dava certo, quase sempre.
Na metade dos anos 90, prenunciando uma perda de popularidade, Frei Damião decidiu aproveitar a onda de renovação carismática na igreja católica e gravou um disco, como o Padre Marcelo.
Optou pela axé music e lançou o álbum Tá pra lá de Galiléia, que além da faixa título vinha com as canções Melô do lazarento, Dança do crucificado, Suingue do profeta e Quero conhecer você biblicamente.
A carreira como cantou durou pouco. Após seu primeiro Carnaval fora de época (o Levanta-te e dança), Damião teve de se aposentar por problemas de coluna. Por conta das coreografias que exigiam quebrar o pescocinho pro lado, o frei ficou com uma lesão que o acompanhou até o fim de seus dias e agravou sua saúde já débil.
Frei Damião morreu em 31 de maio de 1997, no Recife, por conta de uma crise aguda de escoliose extremada.
Por seus feitos e currículo, escolhemos Frei Damião como o padroeiro deste movimento.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

VIDA POLÍTICA, do Padre Cicero.


Proibido de celebrar, Padre Cícero ingressou na vida política. Como explicou no seu Testamento, o fez para atender aos insistentes apelos dos amigos e na hora em que os juazeirenses esboçavam o movimento de emancipação política. Conseguida a independência de Juazeiro, em 22 de julho de 1911, Padre Cícero foi eleito Prefeito do recém-criado município. Além de Prefeito, também ocupou a Vice-Presidência do Ceará. Sobre sua participação na Revolução de 1914 ele afirmou categoricamente que a chefia do movimento coube ao Dr. Floro Bartolomeu da Costa, seu grande amigo. A Revolução de 1914 foi planejada pelo Governo Federal com o objetivo de depor o Presidente do Ceará Cel. Franco Rabelo. Com a vitória da Revolução, Padre Cícero reassumiu o cargo de Prefeito, do qual havia sido retirado pelo governo deposto, e seu prestígio, cresceu. Sua casa, antes visitada apenas por romeiros, passou a ser procurada também por políticos e autoridades diversas. Era muito grande o volume de correspondências que Padre Cícero recebia e mandava. Não deixava nenhuma carta, mesmo pequenos bilhetes, sem resposta, e de tudo guardava cópia. Com respeito a Lampião, Padre Cícero o viu apenas um vez, em 1926. Aconselhou-o a deixar o cangaço, e nunca lhe deu a patente de Capitão, como foi dito em alguns livros.

Tramitação em Roma demanda tempo


“O processo é demorado, criterioso e caro”, afirma o padre José Roserlândio, em referência ao processo que tramita no Vaticano, em defesa da reabilitação do Padre Cícero. Ele explica que serão lidos criteriosamente todos os documentos entregues na Congregação para a Doutrina da Fé. A leitura é a primeira fase dos trabalhos, conforme explica o sacerdote. Dependendo dos fundamentos jurídicos com relação à solicitação feita, a pesquisa terá continuidade com uma análise mais aprofundada, o que pode demandar investigações e viagens e, conseqüentemente, despesas que devem ser custeadas pela Diocese do Crato. A expectativa permanece por parte dos milhares de seguidores do padre que já se tornou santo, canonizado pelo povo.

O Padre Cícero Romão Batista nasceu no dia 24 de março de 1844, no Crato, e morreu, 90 anos depois, no dia 20 de julho de 1934. Em março de 1865, ingressou no Seminário de Fortaleza, para seguir a carreira eclesiástica, onde é ordenado em novembro de 1870. Em abril de 1872, com 28 anos de idade, vai residir em Juazeiro, onde foi vigário e prefeito.

Em 1889, durante uma comunhão, a hóstia consagrada por ele sangrou na boca de uma beata chamada Maria de Araújo. O povo considerou o fato um milagre. As toalhas utilizadas para limpar o sangue tornaram-se objetos de adoração. A notícia espalhou-se e Juazeiro começou a ser visitada por peregrinos, interessadas nos poderes do padre.

Cícero foi acusado por membros do Vaticano de mistificação (manipulação da crença popular) e heresia (desrespeito às normas canônicas). Em 1894, foi punido com a suspensão da ordem.

Por todo o restante da vida, ele tentou, em vão, revogar a pena. Em 1898, foi a Roma e encontrou-se com o papa Leão XIII, que lhe concedeu indulto parcial, mas manteve a proibição de celebrar missas. Apesar da proibição, Cícero jamais deixou de celebrar missas em sua igreja em Juazeiro. Após sua morte, sua fama e seus feitos foram divulgados entre as camadas populares. Embora ainda banido pela Igreja, tornou-se, de fato, um santo entre os sertanejos.

No final do século 20, o Papa Bento XVI, quando ainda era cardeal e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, propôs um estudo sobre o Padre Cícero com a finalidade de, possivelmente, reabilitá-lo perante a Igreja Católica e, eventualmente, beatificá-lo.

Como santo popular, Padre Cícero tornou-se um fenômeno na região Nordeste.

Quatro grandes romarias realizadas em Juazeiro do Norte ao longo de cada ano concentram número crescente de romeiros, especialmente nordestinos, mas também de outros Estados brasileiros.

ANTÔNIO VICELMO
Repórter

Fonte: Jornal Diário do Nordeste

domingo, 6 de setembro de 2009

galeria de fotos dos cantinho favoritos dos romeiros do Padre Cicero Romão Batista




































Terrinha abençoada. fé estapanda em cada cantinho em cada gesto de seus municipis. e em todos os visitantes que por aqui passam, a todos os devotos a todos os romeiros do nosso Padre Cícero sejam sempre muito bem vindos.


Cantinhos dos Romeiros do Padim Pade Cicero.