domingo, 6 de setembro de 2009

Reprodução Reprodução O padre Cícero tornou-se um santo popular, venerado no Nordeste brasileiro "O nome do padre Cícero / ninguém jamais manchará,

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"O nome do padre Cícero / ninguém jamais manchará, / porque a fé dos romeiros / viva permanecerá / pois nos corações dos seus / foi ele um santo de Deus / é e pra sempre será." Os versos de Expedito Sebastião da Silva, em forma de cordeal, registram a devoção do povo nordestino, e de todo o povo brasileiro, ao Padre Cícero Romão Batista, ou simplesmente Padim Ciço.

Desde pequeno interessado em religião, Cícero Romão, aos 16 anos, foi para a cidade de Cajazeiras, na Paraíba, estudar no famoso Colégio do Padre Rolim. Dois anos depois, com a morte do pai, vítima do cólera, Cícero voltou para junto de sua mãe e de duas irmãs.

Em 1865, ingressou no Seminário de Fortaleza, onde foi nomeado sacerdote cinco anos depois. Celebrou sua primeira missa em Juazeiro, em 1871, onde se estabeleceu como capelão.

No pequeno povoado, assolado pela seca e pela fome, o padre Cícero Romão foi conquistando a confiança do povo. Transformou a antiga capelinha num templo vistoso e muito freqüentado pelos devotos de toda a região.

No dia 6 de março de 1889, um fato fora do comum abalou a cidadezinha de Juazeiro: a beata Maria de Araújo não conseguiu engolir a hóstia da comunhão porque esta se transformou em sangue. O fato tornou a se repetir várias vezes, chegando a ser considerado milagre não só pelo povo da região, mas por médicos e autoridades que foram checar o fenômeno.

Nesse mesmo ano, no dia 7 de julho, por iniciativa do reitor do Seminário do Crato, uma romaria levou até Juazeiro 3.000 fiéis para ver a transformação da hóstia em sangue. Juazeiro rapidamente tornou-se um centro de romaria e de devoção. O fato não agradou às autoridades eclesiásticas. O bispo do Ceará, dom Joaquim José Vieira, solicitou ao padre Cícero Romão um relatório sobre o acontecido.

Padre Cícero foi solicitado a comparecer ao episcopado em Fortaleza e, em 1891, foi instituída uma comissão para investigar o assunto. A Igreja optou pela proibição do culto aos panos ensangüentados e impôs uma retratação ao padre Cícero.

Padre Cícero viajou a Roma, onde ficou durante nove meses, voltando com a permissão de continuar celebrando missa. Novas deliberações, no entanto, obrigaram-no a deixar a ordem pouco tempo depois.

Padre Cícero passou a atender os romeiros em sua própria casa. Passou a participar mais intensamente da vida política da região, juntando-se ao movimento pela emancipação da cidade de Juazeiro, então sob jurisdição do Crato.

No dia 4 de outubro de 1911, padre Cícero Romão tornou-se o primeiro prefeito de Juazeiro. No ano seguinte, tornou-se também vice-presidente do Estado.

Em 1914, participou da Sedição de Juazeiro, passando para a história como revolucionário. Voltou a ser prefeito de Juazeiro, cumprindo mandato até 1927.

Padre Cícero faleceu aos 90 anos, de problemas renais, deixando consternado o povo que lhe tinha fé. Rejeitado pela Igreja, tornou-se o verdadeiro santo do povo, venerado em todo o Nordeste Brasileiro. A ele atribuem-se curas milagrosas e poderes sobrenaturais.

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